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Validação Térmica: Por Que é Essencial na Cadeia do Frio?

Imagine perder vacinas, insulinas ou hormônios por falha na temperatura. Isso compromete não só o produto, mas a saúde de milhares de pessoas.

Na logística farmacêutica, manter condições térmicas adequadas é uma exigência regulatória e um compromisso com a qualidade.

A validação térmica garante que ambientes, equipamentos e veículos funcionem dentro dos parâmetros esperados. Sem isso, não há conformidade nem segurança.

O que é validação térmica?

A validação térmica é o processo de comprovar, por estudos e registros técnicos, que um sistema é capaz de manter os produtos dentro da faixa de temperatura exigida.

Segundo a Anvisa (RDC 430/2020), é obrigatória para locais de armazenamento e transporte de medicamentos termolábeis.

O Manual de Rede de Frio, do Ministério da Saúde, reforça: qualquer falha no controle térmico pode comprometer a estabilidade e a segurança do produto.

“Cada componente deve ser cuidadosamente mantido… Qualquer falha pode resultar em perda do produto”
— Manual de Rede de Frio, 4ª ed. (MS, 2020)

O que se valida na cadeia do frio?

A cadeia do frio abrange desde a indústria até o consumidor final. A validação cobre:

  • Câmaras frias e refrigeradores;
  • Freezers e salas climatizadas;
  • Veículos refrigerados e caixas térmicas.

Cada ambiente possui pontos de risco. Por isso, sensores são colocados em diversas áreas para identificar variações críticas.

A OPAS/OMS recomenda que o sistema seja testado em condições reais e extremas para garantir desempenho térmico.

Além disso, a Farmacopeia Brasileira (6ª edição) exige que as condições de armazenamento sejam validadas e documentadas para garantir estabilidade e eficácia do produto durante todo o prazo de validade.

Etapas da validação térmica

  1. Planejamento: elaboração de protocolo com base em risco.
  2. Execução: mapeamento com sensores por 24–72 horas.
  3. Análise: avaliação dos dados coletados.
  4. Relatório: conclusões técnicas assinadas por profissional habilitado.

“Sem validação, não há como comprovar que o medicamento manteve sua estabilidade térmica”
— ICTQ, 2023

Muitos operadores logísticos utilizam data loggers com conexão em tempo real, permitindo monitoramento contínuo e rastreável, como recomendado pela ANVISA e também por consultorias como a Sensorweb.

Comparativo de ambientes validados

AmbientePontos de leituraTempo típicoFinalidade
Câmara fria industrial15–30 sensores24–72 hUniformidade interna
Refrigerador hospitalar9–15 sensores24–48 hVariação mínima
Veículo refrigerado vazio5–10 sensores24 hIsolamento e eficiência
Veículo refrigerado carregado10–20 sensores48–72 hSimulação realista de rota

Normas e exigências legais

A validação térmica é exigida por:

  • RDC 430/2020 (Anvisa): controle e monitoramento obrigatórios;
  • RDC 653/2022 (Anvisa): reforça exigência para transportadoras e operadores logísticos;
  • Manual de Rede de Frio (MS): referência para imunobiológicos;

Segundo o Guia de Qualificações e Validações da Sindusfarma (2021), as empresas devem comprovar, por meio de documentação auditável, que os processos estão sob controle e dentro dos parâmetros definidos.

Validação em transporte refrigerado

O transporte é o elo mais instável da cadeia fria. O veículo deve ser testado com e sem carga para simular condições reais de operação.

Fatores como abertura de portas, falha mecânica ou clima externo comprometem o resultado. Por isso, é essencial validar todo o sistema de refrigeração, incluindo isolamento e distribuição de ar frio.

A ANVISA recomenda o uso de data loggers com alarme e rastreabilidade, garantindo a integridade da carga durante todo o trajeto. (Fonte: Apresentação oficial da Anvisa, 2020)

O que ocorre sem validação?

  • Perda de lotes inteiros por instabilidade;
  • Riscos de sanções da Anvisa e interdição;
  • Prejuízo à saúde do paciente;
  • Danos à imagem da empresa.

O Ministério da Saúde estimou, em 2021, a perda de 1,2 milhão de doses de vacinas por falhas na rede fria.

“A conservação da cadeia do frio salva vidas. Toda falha é potencialmente catastrófica.”
— OPAS, 2021

Boas práticas recomendadas

  • Mantenha relatórios arquivados por no mínimo 5 anos, conforme orientação do Sindusfarma.
  • Estabeleça um cronograma de validação anual, com revisões programadas;
  • Use sensores calibrados e certificados por laboratórios rastreáveis à RBC (Rede Brasileira de Calibração);
  • Registre todos os dados, com assinatura de farmacêutico ou engenheiro responsável;
  • Treine a equipe para leitura de gráficos e interpretação de desvios;
  • Mantenha relatórios arquivados por no mínimo 5 anos.

Referências

  • ANVISA. RDC 430/2020. https://www.gov.br/anvisa
  • Ministério da Saúde. Manual de Rede de Frio. 4ª edição, 2020.
  • OPAS/OMS. Boas Práticas de Cadeia do Frio. 2021.
  • ICTQ. Instituto de Ciências, Tecnologias e Qualidade.
  • Sindusfarma. Guia de Qualificações e Validações. 2021.
  • Sensorweb. Benefícios da validação térmica. 2023.
  • ACC Metrologia. Artigos sobre qualificação térmica, 2022.

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