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Sistema de Gestão da Qualidade: Como garantir a qualidade dos medicamentos?

O Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) é o coração que mantém a cadeia de distribuição farmacêutica funcionando sem falhas. A RDC 430/2020 traz regras claras sobre como garantir que os medicamentos cheguem com segurança ao consumidor final.

A Seção III coloca a responsabilidade em todos os níveis da empresa, do operador logístico ao gerente de qualidade. Aqui, não há espaço para improvisação. A norma exige que cada detalhe seja planejado, registrado e monitorado.

Se você pensa que a qualidade é só responsabilidade do setor de controle, pense de novo. Aqui, todos têm papel crucial no cumprimento das exigências.

📌 O que você vai ver por aqui:

  • O que é o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)?
  • Como mapear e controlar os processos de qualidade;
  • O papel de cada colaborador na gestão de qualidade;
  • A importância das não conformidades e como tratá-las;
  • A área responsável: funções e autonomia.

O que é o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ)?

De acordo com o Art. 14 da RDC 430/2020, o Sistema de Gestão da Qualidade (SGQ) deve cobrir todos os aspectos que impactam a qualidade dos medicamentos ou serviços prestados.

Isso significa que cada etapa da cadeia logística deve estar envolvida no sistema: da fabricação à distribuição. A Anvisa explica que o SGQ é responsável por assegurar a qualidade dos medicamentos e serviços, evitando riscos à saúde pública e garantindo a segurança do paciente.

“O Sistema de Gestão da Qualidade deve cobrir todos os aspectos que influenciam a qualidade dos medicamentos ou dos serviços prestados.”
— Art. 14 da RDC nº 430/2020

A integração do SGQ garante que os processos operacionais estejam alinhados e em conformidade com as melhores práticas da indústria farmacêutica.

📝 Mapeamento de processos: como garantir que tudo esteja sob controle

O Art. 15 exige que os processos que impactam a qualidade sejam mapeados. Ou seja, tudo deve ser documentado e monitorado. Isso inclui a movimentação dos medicamentos, controle de temperatura, armazenamento e transporte.

Esse mapeamento deve ser seguido por procedimentos operacionais padrão (POPs). Esses POPs são ferramentas essenciais para garantir que os processos sejam realizados de forma eficiente e dentro dos padrões exigidos.

“Os processos identificados no mapeamento devem ser precedidos e governados por procedimentos operacionais padrão, com a devida geração de registros.”
— Art. 15 da RDC nº 430/2020

Além disso, o mapeamento ajuda a identificar possíveis falhas no sistema, permitindo que as empresas ajam preventivamente para corrigi-las antes que se tornem um problema.

Responsabilidade compartilhada: qualidade começa com todos

De acordo com o Art. 16, as ações do Sistema de Gestão da Qualidade são de responsabilidade de toda a empresa. Não é apenas o time de qualidade que deve garantir o cumprimento das normas, mas todos os colaboradores.

“As ações do Sistema de Gestão da Qualidade são de responsabilidade de toda a empresa e devem ser exercidas por todos os seus membros.”
— Art. 16 da RDC nº 430/2020

Isso implica que, desde o operador logístico até a alta gestão, todos devem estar comprometidos com a qualidade. A Anvisa também destaca que a treinamento contínuo e a melhoria contínua são essenciais para garantir que todos os envolvidos na cadeia logística de medicamentos sigam as melhores práticas.

⚖️ Não conformidade: é preciso agir

O Art. 17 da RDC deixa claro que qualquer divergência dos requisitos do SGQ deve ser tratada como não conformidade. Isso significa que, ao identificar um problema, a resposta deve ser imediata e documentada.

Uma não conformidade pode afetar a segurança do paciente, a integridade do medicamento ou o cumprimento das normas legais. Por isso, as ações corretivas e preventivas são obrigatórias.

As ações corretivas devem corrigir a falha, enquanto as ações preventivas devem garantir que o problema não se repita. Isso ajuda a melhorar a qualidade e a minimizar riscos ao longo do tempo.

Como lidar com não conformidades?

Tipo de AçãoObjetivoExemplo
Ação corretivaResolver o problema de forma imediataReprocessamento de lote devido à falha de armazenamento.
Ação preventivaImpedir que o problema se repitaModificação de POPs para melhorar o controle de temperatura.

Essas ações são registradas e devem ser monitoradas para garantir sua eficácia. O controle contínuo das não conformidades assegura que a qualidade do processo seja mantida.

A área responsável: autonomia e funções essenciais

O Art. 18 detalha o papel da área responsável pelo SGQ dentro da empresa. Essa área precisa ter autonomia hierárquica e recursos suficientes para garantir que todos os requisitos sejam cumpridos.

As funções dessa área são variadas e incluem:

  • Garantir a implementação e manutenção do sistema de qualidade;
  • Coordenar a gestão documental e garantir que todos os registros estejam completos e acessíveis;
  • Elaborar, revisar e aprovar POPs;
  • Supervisionar recolhimentos, incluindo simulações;
  • Gerenciar resíduos e produtos devolvidos;
  • Implementar um sistema de controle de mudanças.

A autonomia da área de qualidade é crucial, pois ela deve agir de maneira independente para garantir que as práticas estejam sempre em conformidade com a norma.

“A área responsável pelo Sistema de Gestão da Qualidade deve possuir autonomia hierárquica e recursos necessários para o exercício das seguintes funções.”
— Art. 18 da RDC nº 430/2020

Além disso, a área deve estar envolvida nas investigações de reclamações e gerenciamento de produtos falsificados ou adulterados.

O que garante a qualidade do produto final?

A combinação de autonomia, mapeamento de processos, treinamento contínuo e controle de não conformidades garante que o medicamento chegue ao consumidor com segurança e eficácia.

A qualificação de colaboradores é fundamental. O treinamento contínuo deve ser parte do processo, garantindo que a equipe esteja sempre atualizada com as novas regulamentações e com o melhor padrão de qualidade possível.

Quando todos os processos estão bem documentados e auditados, a rastreadibilidade do medicamento é assegurada, e qualquer desvio pode ser rapidamente corrigido.

📌 O que não pode faltar na área de qualidade?

  • Autonomia hierárquica: o setor precisa ter autoridade para tomar decisões rápidas;
  • Gestão documental eficiente: todos os processos e registros devem ser rastreáveis;
  • Treinamento contínuo: funcionários devem ser capacitados e requalificados periodicamente;
  • Procedimentos operacionais padrão (POPs): a base para garantir que tudo seja feito corretamente;
  • Sistema de controle de mudanças: para garantir que qualquer alteração no processo seja monitorada e controlada.

qualidade é responsabilidade de todos

Garantir a qualidade no transporte e distribuição de medicamentos é uma tarefa complexa e que exige o comprometimento de todos. O Sistema de Gestão da Qualidade não pode ser visto como uma responsabilidade exclusiva do setor de qualidade, mas sim como um compromisso coletivo.

A autonomia da área responsável pelo SGQ, o mapeamento de processos, o treinamento contínuo e a gestão de não conformidades são fundamentais para assegurar que os medicamentos cheguem ao consumidor final com segurança e eficácia.

O SGQ é a base de um sistema robusto de controle de qualidade, que garante a confiança do consumidor e o cumprimento das normas da Anvisa.

O que vem a seguir?

Nos próximos capítulos da RDC 430/2020, vamos explorar mais detalhes sobre a qualificação de equipamentos, controle de temperatura e segurança nos processos de transporte. Mas o mais importante é lembrar: qualidade começa dentro de casa.

Com um Sistema de Gestão da Qualidade bem implementado, os processos se tornam mais eficientes, seguros e menos propensos a erros.

E para garantir que o setor logístico esteja sempre em conformidade, a equipe de qualidade deve estar sempre atenta, treinada e atualizada.

📚 Referências

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